A Fiocruz, cujos valores centrais são o direito à saúde e à cidadania, tem se engajado na formulação de políticas públicas de saúde ao longo de toda sua história, muitas vezes inovando e quebrando paradigmas – foi pioneira, por exemplo, na erradicação de doenças infectocontagiosas no Rio de Janeiro e no Brasil no início do século XX. Portanto, não surpreende que busque assumir um posicionamento ativo diante da questão das drogas no cenário atual, com o Programa Institucional Álcool, Crack e outras Drogas, criado em 2014, pelo presidente da instituição, Paulo Gadelha.
O próprio título do programa, que reflete seu desenho institucional, está alinhado com uma abordagem contemporânea do tema, uma vez que ele contempla tanto o álcool, uma droga lícita, quanto o crack e outras drogas atualmente ilícitas. Outras drogas lícitas, tais como o tabaco e remédios psiquiátricos prescritos, também estão contempladas no escopo do programa.
As bases conceituais do programa são orientadas pelo desejo de transpor o paradigma de repressão, entendendo o abuso de substâncias como resultado de questões culturais, históricas e biopsicossociais e defendendo práticas de cuidado e respeito ao direito de usuários de substâncias psicoativas, seja o uso prejudicial ou não.
Para isso, reconhecem que faz-se necessário intervir não só em questões de saúde, mas também de segurança pública, legislação e em aspectos relacionados a outros campos do conhecimento científico.
O Programa Institucional visa dar especial ênfase a três dimensões de pesquisa: uma técnico-assistencial com foco em serviços; uma jurídico-política, visando a elaboração de legislação específica e promovendo o debate entre sociedade civil e formuladores de políticas públicas; e a dimensão teórico-conceitual, que busca contextualizar o papel das drogas e os diferentes tipos de uso na nossa sociedade.